quinta-feira, 30 de julho de 2009

Na mó debaixo

Estou em pleno Encontro Nacional de Pastoral Litúgica! O Grande Encontro! E que encontro.. Encontro??!! Ou desencontro??!!

Tenho imenso para escrever, incluindo coisas desta semana.. Mas não me apetece.. O que é que apetece??!! ..

Fica este poema, que representa os meus sentimentos presentes e breves.. espero.. ou não..



Contemplo o que não Vejo

Contemplo o que não vejo.
É tarde, é quase escuro.
E quanto em mim desejo
Está parado ante o muro.

Por cima o céu é grande;
Sinto árvores além;
Embora o vento abrande,
Há folhas em vaivém.

Tudo é do outro lado,
No que há e no que penso.
Nem há ramo agitado
Que o céu não seja imenso.

Confunde-se o que existe
Com o que durmo e sou.
Não sinto, não sou triste.
Mas triste é o que estou.

Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"

sábado, 25 de julho de 2009

Leituras de LUNÁRIO




Numas leituras menos próprias, não aconselhadas a quem tem alguma dignidade, vi-me tentado a reler Lunário, de Al Berto.. e não é que caí mesmo em tentação.. e acabei por ler hoje o Lunário..
Não sei se transmite alguma mensagem.. mas é de tão baixo nível, que chega mesmo a ser grosseiro..
Não obstante estas considerações passo a citar algumas frases que me fizeram reler duas e três vezes as mesmas palavras..

«O corpo, esse país mais ou menos habitável, em que nada lhe lembrava aquele outro país geograficamente definido nos mapas, e que toda a gente insistia em dizer-lhe que era o seu país. O corpo invocava-lhe sempre outro sitio luminoso, distante, onde podia agir e respirar, pensar e mover-se livremente. Território semelhante à noite das cidades em que se perdessem, ele e o seu corpo, propositadamente, para se abastecer de sexo, de renovados desejos, inesperadas seduções, pequenos perigos e emoções.»

«Será possível um corpo ter muitos rostos? E um rospo deixar indeléveis vestígios na passagem por muitos corpos? Não consegue encontrar resposta. Nem tem noção do que perdeu, e de como perdeu. Apenas precente que nessa perda a sua vida se eternizou. Por isso sobrevive sem projectos. O que tinha a fazer, já fez.»

«Nunca se regressa ao que se abandonou.»

«Não me abandones ainda, porque um morto, sabes precisa de ternura, mesmo que seja a coisa menos sintilante que há... Porque o tempo e o esquecimento dos vivos corrói-o até aos ossos, muito mais depressa que os vermes, e fica sem graça, e não há espelho que se atreva a reflectir tamanha melancolia... ...um morto é a coisa mais melancolica que existe... só vive e ocupa espaço na memória dos que por ai ficaram, desse lado. Mas os vivos não enchem a memória de um morto. Um morto tem como destino apagar-se para sempre, apesar de muito o terem amado, apagasse... esteja ele onde estiver...»

«Amo Beno, e penso em mim como se pensasse nele, e nas suas mãos guardo a asaudade que das minhas hei-de sentir...»

«Quando Zohía começara a despir-se e a enrolar-se violentamente num lençol, e a sair assim para a rua, falára daquele tigre enjaulado. Dissera que não podia mais mante-lo prisioneiro, e que as garras dele a dilaceravam por dentro. Precisava de o deixar fugir quanto antes, de o devolver à selva nocturna das cidades.»

«Sentimo-nos cansados, um cansaço semelhante à flor que murcha por excesso de luz, ou por falta de água. Não sei... talvez coisas de bêbedos. Nada que tenha verdadeira importância. Beno chorou, mas eu não consegui.»

«Fugir. Descer do cimo da minha razão por uma corda de chuva, vestir-me com a humidade verde das plantas, adquirir asas e reaver a memória de um mundo primordial.»

«Beno estava vazio, sentia-se oco, abandonado. Mas, apesar dessa sensação de frio, crescia dentro dele a certeza de que Nému, e todos os outros, eram agora órgãos do seu corpo, faziam parte dele - e, dispersos, vivos ou mortos, pertenciam-lhe para sempre, enquanto vivesse.»

(recolhas de um já não assumido lunático)

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Eu




Na busca de um poema que pudesse servir de suporte a uma postagem já anunciada (o último dia de um sonho), subi à biblioteca da escola.. Depois de descansar a A.M. (pois sempre que lá me dirigido significa que o meu mundo interior não está nos seus dias) corri à prateleira dos Poetas.. peguei em sophia, mas não me satisfez.. peguei noutro de sophia, mas não me satisfez.. peguei ainda noutro de sophia e nem me satisfez.. eu queria algo forte.. sentimental.. duro.. triste.. real.. e quando é assim, a florbela às vezes ajuda.. não ajudou.. oh.. mais eis que encontro um poema magnífico sobre um tema que não gosto de falar.. mas cá vai:

Até agora eu não me conhecia,
julgava que era Eu e eu não era
Aquela que em meus versos descrevera
Tão clara como a fonte e como o dia.

Mas que eu não era Eu não o sabia
mesmo que o soubesse, o não dissera...
Olhos fitos em rútila quimera
Andava atrás de mim... e não me via!

Andava a procurar-me - pobre louca!-
E achei o meu olhar no teu olhar,
E a minha boca sobre a tua boca!

E esta ânsia de viver, que nada acalma,
E a chama da tua alma a esbrasear
As apagadas cinzas da minha alma!

Florbela Espanca, in "Charneca em Flor"

Uma escolha por amor



E aí está mais um livrinho lamechas.. acabei de o ler ontem (ou hoje) às 5 da manhã, envolto em lágrimas sufacantes.. mas hoje já li outro, mas desse já falo..

quinta-feira, 23 de julho de 2009

O último dia de um sonho

..

Um dia destes faço uma postagem sobre o dia de hoje.. só não faço hoje porque saíria algo da ordem do fraquinho..


Estou quase a entrar de férias.. ;)

terça-feira, 21 de julho de 2009

Quem ama não dorme




Ontem e hoje "devorei" o livro de Robert Schneider, Quem ama não dorme..
Já o tinha lido em 2005.. é simples e cruelmente real.. tudo..
Deixo-vos o parágrafo que me reteve mais tempo..

Não há esperança que tenha sentido. Que ninguém pense realizar os seus sonhos. Mais do que isso, deverá compreender como é loucura ter esperança. Uma vez isso compreendido, pode então ter esperança. Se, mesmo assim, conseguir ainda sonhar, então a vida tem um sentido.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

A minha ausência

Caros amigos seguidores do meu humilde blog:

Quero apenas dizer que tenho andado muito ocupado com as coisas do mundo.. o que não significa que esta pequena caixinha mágica não seja invadida de grandes emoções.. mas também tenho andado sem disposição para escrever.. deixem passar a época das matrículas e os outros trabalhos de escola e logo voltarei à escrita..
Abraço! E votos de boas férias, para quem se encontra de férias..