sábado, 20 de setembro de 2008

O CASAMENTO DO SOL E DA LUA

«A ETERNIZAÇÃO DAS NOSTALGIAS DE UM SONHO NÃO ACONTECIDO», este poderia ser o sub-título desta postagem.. mas não quero que seja.. apenas porque não poderia ser.. pelo que o sub-título desta postagem é:

A ETERNIZAÇÃO DO AMOR (como se houvesse amor fora da eternidade)



Passemos à explicação desta postagem. Hoje, dia 20 de Setembro de 2008, a eternidade humanizou-se no casamento do sol e da lua.. Nunca pensei que este momento chegasse.. Nunca pensei que este momento chegasse tão depressa..

Não dedico postagens a este assunto, nem quero dedicar.. há coisas que a caixinha mágica que me habita guarda só para si mesma.. Mas hoje tinha mesmo de ser..

De qualquer modo não vou falar muito do assunto.. até porque nem saberia como falar dele.. é algo de ETERNO, inacessível à nossa humana condição..

Há cerca de quatro anos atrás esta caixinha mágica voou para fora de mim mesmo, navegou pela eternidade e regressou para tomar conta do pseudo-racional e inssentimentalista que teimava reinar em mim.. imagine-se que me apaixonei pela Lua, qual Sol enamorado pela sua eterna amada..

Mas como dizem os poetas, e digo eu também, o Sol e a Lua jamais se unirão de forma tão trivial e mundana.. é algo que não pertence ao tempo e ao espaço.. é eterno.. Deus é eterno.. Deus é amor.. a eternidade é amor.. o Sol e a Lua têm uma ligação de amor.. uma ligação eterna.. uma ligação divina..

Mas imagine-se que hoje a eternidade humanizou-se!! O Sol e a Lua uniram-se oficialmente pela lei dos homens, consagrando assim o seu amor.. Como todo o amor vem de Deus, mesmo que o Sol não seja eu, o meu amor pela Lua, que também vem de Deus, chegará à Lua, independentemente do Sol.. Ou seja, o Sol e a Lua estão para sempre unidos, no tempo e no espaço e na eternidade..


Fica aqui a letra da música que conta a história.. cada palavra é especial e adequada..

Vieste como quem chega
Nos braços da madrugada
Trazias feno nos versos
Que me disseste calada

Trazias lendas e luas
Trazias sóis por nascer
Uma folha de aloendro
O teu corpo de mulher

Rio secreto e profundo
Correndo dentro do espanto
Trazia contigo o manto
Com que vestiste o meu mundo

Foste corpo imaculado
Nos quatro cantos do cio
Fogueira acesa do frio
Do meu amor desamado

Amor, amor chorar por ti será cantar
Amor, amor corpo de trigo e de luar
Amor, amor morrer por ti será nascer
Amor, amor corpo inventado de mulher

E foi tão bom possuir-te
Deitada no pensamento
Como se fosses incenso
Lançado ao sabor do vento

Ao meu amor nunca venhas
Tão minha sem avisar
Quero esperar-te num leito
Feito de linho e luar

Quero que sejas o nardo
Boca fechada de um grito
Que nos transforma a manhã
Nas léguas de um infinito

Quero que sejas perfume
Feno, raiz e vulcão
Asa, saudade e ciúme
Na palma da minha mão

Amor, amor chorar por ti será cantar
Amor, amor corpo de trigo e de luar
Amor, amor morrer por ti será nascer
Amor, amor corpo inventado de mulher

"Morrer por ti será nascer", Paco Bandeira

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Se

Se tanto me dói que as coisas passem
É porque cada instante em mim foi vivo
Na luta por um bem definitivo
Em que as coisas de amor se eternizassem.

Sophia de Mello Breyner Andresen

Pudesse eu

Pudesse eu não ter laços nem limites
Ó vida de mil faces transbordantes
Pra poder responder aos teus convites
Suspensos na surpresa dos instantes.

Sophia de Mello Breyner Andresen