domingo, 20 de julho de 2008

Rupturas necessárias, mas difíceis..


Voltaram as lágrimas..

Lágrimas de alegria..
Lágrimas de agradecimento..
Lágrimas de respeito..
Lágrimas de estima..
Lágrimas de humildade..
Lágrimas de admiração..
Lágrimas de despedida..
Lágrimas de saudades..
Lágrimas de amizade..
Lágrimas de amor..

E foi assim..

Foi com estas lágrimas que foi aspergido o cântico final da Missa de hoje, dia em que termino as minhas funções junto daquele grupo de pessoas maravilhosas..

É com estas lágrimas que escrevo este texto..

Vivo estes dias uma sensação única, nunca antes sentida.. Saio do Coro Paroquial porque sinto que chega ao fim a minha colaboração.. Seria bem mais fácil se saísse por um desentendimento, uma zanga ou outra coisa qualquer.. Mas assim é muito mais bonito, apesar de ser mais difícil.. É uma ruptura necessária, não quero entrar num processo de desmotivação e declínio.. Sempre achei de grande sabedoria as pessoas que sabem sair no momento exacto, por isso sinto-me feliz comigo, apesar de ser mais difícil..

Não vou esquecer nunca a imagem que acompanhou hoje o cântico final..

«Cantai ao Senhor um cântico novo
Porque o Senhor fez maravilhas
Revelou a Sua justiça às nações. Aleluia!»

E faltou lá um rosto, uma pessoa.. Tenho pena que não tenha partilhado este momento connosco, mas assim foi bem mais fácil.. Mas ela esteve lá.. Claro que esteve!

Os meus amigos ofereceram-me um ramo de flores e escreveram-me uma mensagem linda.. Mais lágrimas.. Vinha também este texto:

«Tenho sede de conhecimento
E fome de saber sempre mais.

Tenho sede de conhecer o que desconheço
Fome de descobrir coisas novas
Vontade de chegar sempre mais longe
E mais fundo dentro de mim mesmo.

Tenho esperança de, ao longo de toda a minha vida,
Poder colmatar esta necessidade
Que brota do mais fundo de mim
Me fortalece, sustenta
E desafia a crescer sempre mais
Rumo à Sabedoria Infinita.»

Ficam tantas emoções deste tempo dentro da minha caixinha mágica, que vou guardar para sempre..

Até sempre, AMIGOS!

domingo, 13 de julho de 2008

O caroço de pêssego




O texto que quero deixar aqui hoje serviu para uma reflexão (e que reflexão!) em Montargil, na actividade A EMRC E OS AMIGOS, a Viagem dos Sorrisos.
Para além de o dedicar a todos os Magníficos presentes na actividade, e também aos ausentes, quero dedicá-lo à minha querida AN, por motivos óbvios..

O texto:

«Tudo o que é grande nasce pequeno.

“Fui eu que, há muitos anos, coloquei um caroço de pêssego no quintal”, disse o avô para o neto. “Por isso temos lá fora esse lindo pessegueiro que dá pêssegos para toda a família!”

Na vida há coisa que a gente nem conta:
Uma só gota de perfume enche o quarto inteiro de um cheiro agradável;
Um pouco de fermento faz levedar toda a massa do pão;
Uma colher de iogurte basta para transformar um litro de leite em iogurte;
A explosão de um único átomo destrói uma cidade inteira;
Um grão de trigo dá uma espiga com muitos grãos;
Um pequeno erro de cálculo no papel faz desabar um prédio;
E assim por diante…

São as coisas pequenas que produzem coisas grandes.
Assim acontece na natureza, assim acontece na vida.
Assim é hoje, assim era no tempo de Jesus.
Ele falava disso nas suas parábolas sobre o Reino de Deus.

Quem despreza a semente por ela ser tão pequena, nunca vai ter fruta que possa matar a fome.
E há muita semente pequena na nossa vida que nós nem damos conta.»

Carlos Mesters

sábado, 12 de julho de 2008

A VIAGEM DOS SORRISOS


Esta imagem vale por si mesma!
Imaginem só as emoções que não estão por detrás destes sorrisos de alguns dos magníficos..
Imaginem como ficou a minha caixinha mágica depois destes dias..
Montargil foi realmente muito à frente..
Tanta coisa que me apetecia recordar, mas ficam os sorrisos..

INTERVALO



Vida em câmara lenta,
Oito ou oitenta,
Sinto que vou emergir,
Já sei de cor todas as canções de amor,
Para a conquista partir.

Diz que tenho sal,
Não me deixes mal,
Não me deixes…

No livro que eu não li,
No filme que eu não vi,
Na foto aonde eu não entrei,
Noticia do jornal
O quadro minimal… Sou eu…

Vida á média rés,
Levanta os pés
Não vás em futebóis, apesar…
Do intervalo, que é quando eu falo,
Para não me incomodar.

Diz que tenho sal,
Não me deixes mal,
Não me deixes…

No livro que eu não li,
No filme que eu não vi,
Na foto aonde eu não entrei,
Noticia do jornal
O quadro minimal… Sou eu…

Não me deixes já
Historia que não terminou
Não me deixes…

No livro que eu não li,
No filme que eu não vi,
Na foto aonde eu não entrei,
Noticia do jornal
O quadro minimal… Sou eu…

No livro que eu não li,
No filme que eu não vi,
Na foto aonde eu não entrei,
Noticia do jornal
O quadro minimal… Sou eu…

Perfume



terça-feira, 8 de julho de 2008

CRUZ(ES)



«Se alguém quiser seguir-me, tome a sua cruz e siga-me» Mc 8

A sabedoria popular, inspirada nesta frase proferida pelo Grande Mestre, assume que todos nós temos uma determinada cruz na nossa vida. Essa cruz é simbolismo de todas as provações (dores e sofrimentos) pelas quais somos convidados à purificação das nossas vidas, para subirmos à Jerusalém celeste.

Apesar da minha curta experiência de vida, várias provações já me foram oferecidas, tantas vezes que fui tentado a impor a minha vontade, mas o Grande Mestre acaba sempre por vencer, e ainda bem! Pelo que faço da minha vida uma renúncia às minhas vontades para abraçar a Cruz da minha felicidade. Mas nem sempre é fácil ou tem sucesso.

Neste post quero falar de uma Cruz muito especial, quero falar da minha Cruz profissional, que também é pessoal. Uma Cruz que se baseia em cruzes.. Cruzes feitas ou não feitas que compõem a minha Cruz. Claro está, estou a falar das cruzes dos boletins de matrícula que os alunos fazem ao inscreverem-se em EMRC.

Cruzes que se fazem..
Cruzes que se fazem com tanta leveza..
Cruzes que se fazem por engano..
Cruzes que se fazem porque se ouviu dizer que o professor é fixe..
Cruzes que se fazem porque se ouviu dizer que a EMRC faz umas actividades giras..
Cruzes que se fazem..

Cruzes que não se fazem..
Cruzes que não se fazem com tanta leveza..
Cruzes que não se fazem por engano..
Cruzes que não se fazem porque o horário é mau..
Cruzes que não se fazem porque é mais uma aula..
Cruzes que não se fazem porque não apetece..
Cruzes que não se fazem..

Cruzes que se fazem porque alguém influenciou..
O amigo, os pais, o professor, o Director de Turma..

Cruzes que não se fazem porque alguém influenciou..
O amigo, os pais, algum professor, o Director de Turma.. Ou os próprios Serviços Administrativos..

Deixem-me agora contar duas ou três histórias:

1. Talvez há dois anos que isto aconteceu.. Entrei nos Serviços Administrativos e estava uma mãe a fazer a matrícula do filho. Enquanto esperava para ser atendido presenciei a seguinte conversa:
- Administrativa: Vai matricular o seu filho em Moral?
- Mãe: Vou, vou porque lhe faz bem!
- Administrativa: Olhe que era melhor não, ele pode não querer e depois não dá para anular, até porque o horário pode não ser bom. Era melhor esperar e depois se ele quiser inscrevesse.
E a mãe não fez a tão desejada cruz. E eu pensei: “Não vale a pena sessões de esclarecimento, nem cartazes, nem campanhas.. E isto foi feito à minha frente, imagino o que se faz quando eu não estou presente no momento das matrículas, o que é quase sempre.

2. Um dia destes um aluno meu disse-me o seguinte:
«Stôr, estava para não me inscrever, mas depois tive pena de si e inscrevi-me.»
Prefiro ocultar os meus sentimentos da altura..

3. Ontem aconteceram-me duas cenas curiosas. Fui informado que num dos níveis de ensino se inscreveram apenas 6 alunos, o que pela legislação obriga a que se faça uma junção destes alunos com outro nível (o que significa menos uma turma e menos duas horas). Para meu espanto a legislação invocada não se aplica à disciplina de EMRC, pelo que logo afirmei que tal situação não estava inteiramente correcta. Foi-me, então, pedido que argumentasse legalmente a minha convicção. Pedi 10 minutos e fui mergulhar em legislação e lá encontrei a minha justificação e logo a fui dar a quem de direito. Apesar de achar estranho que o Ministério não a tenha no elenco da sua legislação, aceitou a minha justificação. (Parece mesmo que o Ministério ignora alguns diplomas menos convenientes para a sua acção, mas isso são outros assuntos.) Simultaneamente, fui também informado que faltava apenas 1 aluno para que se pudessem abrir 3 turmas noutro nível de ensino, sendo-me solicitado que tentasse resolver o assunto. Nem queria acreditar, mas estava preparado para telefonar a um aluno que me tinha dito há dias «Eu não gosto muito de Moral, mas como o Stôr é fixe, para o ano inscrevo-me outra vez». Mas na hesitação de levar as minhas intenções a actos concretos, tive um rasgo de pensamento e fui impelido para ir pôr o nariz nos boletins de matrícula de todos os alunos da turma do aluno em causa. Depois de conferir todos os boletins, apercebi-me que havia uma cruz não contabilizada. De imediato fui informar que afinal o número de alunos dá para abrir as tais 3 turmas. Agora estou com uma sensação de: «Será que há mais cruzes não contabilizadas?» Enfim, nem sei o que fazer. Devo ir pôr o nariz novamente em todos os boletins?

Mais umas quantas histórias teria aqui para relatar, mas o texto já vai logo.. E é assim que vou vivendo mais um mês de Julho.

Malditas cruzes! Benditas cruzes!