domingo, 30 de setembro de 2012

Calar: verdade, necessidade ou cobardia?

Invertamos a ordem! Calar a realidade será uma cobardia? Ou será antes uma necessidade? Ou não é nada disto, sendo que calar poderá ser a verdade?

Sem sombra de dúvidas que se tivesse de responder à questão de forma rápida e se me dessem uma só opção, diria que calar a realidade é um puro ato de cobardia. Penso para mim mesmo que a verdade, mesmo que seja inconveniente para nós próprios, não poderá em caso algum ser calada.. É um imperativo para a minha consciência e para a minha maneira de ser de nada ocultar da realidade. Acho que não é correto calar as realidades, mesmo que possamos vir a ser prejudicados. Penso que o mundo seria bem mais fácil se nós expressássemos sempre o nosso pensamento, muitos conflitos e equívocos seriam evitados.

Por outro lado, tenho visto, e condenado, o “calar” por necessidade, como se de um esquema se tratasse para não sair mal no papel que representamos.. Bem, poderá haver esquemas cujo calar seja conveniente e salutar para alcançar determinado objetivo.. quando revelamos tudo nunca se chegará às alegrias da surpresa.. Pois é, se calhar o calar não é assim tão mau..

Quando penso na frase evangélica que refere que Maria «guardava todas estas coisas no seu coração», para além de não perceber, deixa-me desconcertado.. Não serei uma “língua de trapo” e terei o enorme defeito de dizer sempre aquilo que penso, mesmo que seja altamente inconveniente? Aquilo que considero uma virtude, a frontalidade, não será antes uma crueldade brutal que apenas manifesta o meu egoísmo? Isto dói-me por dentro.. Tanta aprendizagem ainda a fazer.. será que algum dia saberei viver??!!

Voltarei em breve a este tema.. espero ter a coragem de me poder confrontar com isto..

Sentimentos e pressentimentos

Cumprindo a promessa que fiz há três semanas, neste mesmo espaço, volto a falar de sentimentos..

Agora justificar-se-ia escrever com mais clareza e com mais vigor. Com mais clareza porque já pensei muito mais sobre o assunto e com muito mais vigor porque me foi solicitado por uma pessoa muito especial.. Mas nem será mais claro, nem com mais vigor, simplesmente porque cada vez ando mais baralhado.. ou não..

Retomando o binómio pensamento/sentimento, concluímos já que os sentimentos podem ser pensados, pelo menos alguns, do mesmo modo (ou de outro modo) os pensamentos também se podem sentimentalizar. Concluímos que estes sentimentos, consequência do processo de sentimentalização dos pensamentos, não seriam sentimentos puros, e muito menos profundos..

Se pensarmos numa nova categoria, a que chamaremos “pressentimento”, localizada a meio do processo de sentimentalização dos pensamentos.. Mesmo que um pensamento se possa sentimentalizar, passa por um estado de pré-sentimento, embora possa não ter essa necessidade e a sentimentalização faz-se por si mesma.. Ou seja, os nossos pressentimentos são pensamentos em processo de sentimentalização, que podem nunca concluir o processo..

Isto traz-me muita paz.. eu sei que não sinto, mas apenas pré-sinto.. Não, não é fruto do pensamento, se não eu compreenderia.. eu pressinto..

Fazendo um trocadilho com a palavra e usando o seu sentido vulgar, eu pressinto que este tema não ficará por aqui..

Anseios


Meu doido coração aonde vais,
No teu imenso anseio de liberdade?
Toma cautela com a realidade;
Meu pobre coração olha cais!

Deixa-te estar quietinho! Não amais
A doce quietação da soledade?
Tuas lindas quimeras irreais
Não valem o prazer duma saudade!

Tu chamas ao meu seio, negra prisão!...
Ai, vê lá bem, ó doido coração,
Não te deslumbre o brilho do luar!

Não estendas tuas asas para o longe...
Deixa-te estar quietinho, triste monge,
Na paz da tua cela, a soluçar!...

Florbela Espanca, in "A Mensageira das Violetas"

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Quatro poemas de Sophia

Apesar das ruínas e da morte,
Onde sempre acabou cada ilusão,
A força dos meus sonhos é tão forte,
Que de tudo renasce a exaltação
E nunca as minhas mãos ficam vazias.

 


PUDESSE EU

Pudesse eu não ter laços nem limites
Ó vida de mil faces transbordantes
Para poder responder aos teus convites
Suspensos na surpresa dos instantes.

 

 
SENHOR

Senhor se eu me engano e minto,
Se aquilo a que chamei a vossa verdade
É apenas um novo caminho da vaidade,
Se a plenitude imensa que em mim sinto,
Se a harmonia de tudo a transbordar,
Se a sensação de força e de pureza
São a literatura alheia e o meu bem-estar,
Se me enganei na minha única certeza,
Mandai os vossos anjos rasgar
Em pedaços o meu ser
E que eu vá abandonada
Pelos caminhos a sofrer.


 

 
TERROR DE TE AMAR

Terror de te amar num sítio tão frágil como o mundo.

Mal de te amar neste lugar de imperfeição
Onde tudo nos quebra e emudece
Onde tudo nos mente e nos separa.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Felicidade

A felicidade sentava-se todos os dias no peitoril da janela.

Tinha feições de menino inconsolável.
Um menino impúbere
ainda sem amor para ninguém,
gostando apenas de demorar as mãos
ou de roçar lentamente o cabelo pelas faces humanas.

E, como menino que era.
achava um grande mistério no seu próprio nome.

JORGE DE SENA

Hoje a tarde trouxe-me este poema.. 
«Ainda sem amor para ninguém»

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Primeira semana de aulas


Chega ao fim a primeira semana de aulas deste ano letivo.. Sinto-me ainda nas nuvens.. Tenho esta caixinha mágica que me habita (a que vulgarmente chamamos coração) tão cheia, tão cheia de emoções, que a semana voou e eu nem tempo tive para pensar sobre cada coisa que vivi, nem tempo para as organizar, quanto mais pensar sobre cada uma delas.. Que mania esta de querer racionalizar tudo. Tenho medo que por não pensar nelas, as possa esquecer. Sei que não.. Emoções: guardo-as todas!

Neste final de tarde um pouco atribulado, lá saí da escola meio à pressa, lá vim para casa pelo meu caminho preferido, pelo meio do campo, com passagem pela Pinhoa. Mesmo na calmaria da paisagem parece que a pressa vinha comigo.. Cheguei a casa e até lá encontrei a pressa.. limpezas de final da semana: que medo! Não quero pressa, preciso de contemplar.. Bem, parece que encontrei a calma, ao cair da noite, nesta mesa de café onde me encontro, bem no centro desta minha terra..

Aguarda-me meu Deus, que amanhã temos muito que conversar.. tenho muito que te entregar desta semana.. Este regresso à minha querida escola, onde sou tão feliz, onde me entrego, muito para lá do vil metal, muito para lá das próprias emoções (e são tantas!).. Entrego-me por um ideal de vida e de felicidade.. Um dia vou ser feliz! Isto é um disparate! EU HOJE SOU FELIZ!!

Ao longo da semana conheci tanta gente, tanta gente bonita.. Não os contei, mas são mais de 200.. tanto rosto, tanta esperança, tanta inquietação, tanta ansiedade, tanta alegria.. Meu Deus tanto sorriso!!

Tanta coisa vai ficar de fora deste registo (quase tudo!), mas não posso deixar passar 2 ou 3 episódios. Logo na segunda-feira comecei por receber a única turma de alunos conhecidos: a malta do 12.º ano. Que alegria! Frisei bem que estávamos no princípio do fim.. E estamos.. Pois é, a malta do 12.º ano começa agora a sua saída da secundária, mais uma etapa se aproxima, a rutura impõe-se, é preciso cortar as amarras.. Parece que este “discurso” teve um eco bem mais profundo do que eu esperava..

Recordo-me agora da conversa, na terça-feira, com os meninos de economia acabadinhos de chegar à escola secundária.. O secundário passa num instante (já não chega a faltar 9 períodos escolares) e o acesso à faculdade já começou, a partir de agora tudo conta. É urgente estabelecer metas, objetivos bem claros. Que faculdade, que curso, que média precisa de ser alcançada..

Durante a minha intervenção disse aos alunos que deveriam ir à BE/CRE, que ia lá deixar o jornal que continha as notas dos últimos colocados em cada curso/faculdade. Então não é que hoje (sexta-feira) o meu aluno “pseudo-rebelde” quando me encontrou na biblioteca me perguntou pelo jornal.. fui logo busca-lo ao carro.. O meu “ralhete” até sortiu algum efeito..

E o encanto dos meninos, dos meus “bébés” do 1.º ciclo.. ai que aventura!! Tanta história, tanta emoção.. Registo apenas uma. Hoje foi a vez de ir à Marteleira.. Quando acompanhei o grupo dos 3.º e 4.º anos para o refeitório e me preparava para “pegar” no grupo dos 1.º e 2.º anos, um menino do primeiro grupo salta da mesa e vem ter comigo, puxa-me e diz: «acho que vou gostar de ti!», não reagi.. também não dava tempo, pois ele logo desatou numa correria em busca do alimento, que a fome já apertava..

Se no início da semana pressenti que este ano ia prometer, agora tenho a certeza desse sentimento.. E eu não falei do resto.. mas isso agora não interessa nada, como diz a minha amiga Teresa.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Passei toda a noite

Passei toda a noite, sem dormir, vendo, sem espaço, a figura dela,
E vendo-a sempre de maneiras diferentes do que a encontro a ela.
Faço pensamentos com a recordação do que ela é quando me fala,
E em cada pensamento ela varia de acordo com a sua semelhança.
Amar é pensar.
E eu quase que me esqueço de sentir só de pensar nela.
Não sei bem o que quero, mesmo dela, e eu não penso senão nela.
Tenho uma grande distração animada.
Quando desejo encontrá-la
Quase que prefiro não a encontrar,
Para não ter que a deixar depois.
Não sei bem o que quero, nem quero saber o que quero.
Quero só Pensar nela.
Não peço nada a ninguém, nem a ela, senão pensar.

Alberto Caeiro

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Dar e Receber

Com o meu canto
Eu quero lhe encantar
Lhe embalar com o meu som
Embriagar
Fazer você ficar feliz
Cantarolar
Lá, lá, lá, lá
Lá, lá, lá, lá
Lá, lá, lá, lá...(2x)

Capitando a energia
Desse seu lalalalá
Sigo a filosofia
Que é bom receber e dar...

Eu quero dar
Eu quero dar
Eu quero dar
E receber
E receber
E receber
Fazer, fazer
Me refazer fazendo amor
Sem machucar seu coração
Sem me envolver...(2x)

Mas se você se apaixonar
Me quiser numa total
Vai ter que ficar comigo
Coladinho a meu umbigo
De maneira visceral
Vou expor minhas entranhas
Lhe darei muito prazer
E bem prazerosamente
Vou abrir mão dos meus sonhos
Prá viver só com você...

Mas se você se apaixonar
Me quiser numa total
Vai ter que ficar comigo
Grudadinha ao meu umbigo
De maneira visceral
Vou expor minhas entranhas
Lhe darei muito prazer
E bem prazerosamente
Vou abrir mão de meus sonhos
Prá viver só com você...
Eu quero dar
Eu quero dar
Eu quero dar
E receber
E receber
E receber
Fazer, fazer
Me refazer fazendo amor
Sem machucar seu coração
Sem me envolver...(5x)

domingo, 16 de setembro de 2012

Regresso(s) à escola!

Em vésperas (literalmente a escassas horas, como fez questão de me recordar a minha querida G & C) do 1.º dia de aulas a ansiedade é mais que muita..

É o início do novo ano e portanto é sempre um desafio..
É o início de uma nova aventura:  meninos do 1.º ciclo preparem-se..
É o regresso à minha querida escola secundária..

Se o início de um qualquer ano letivo provoca em mim uma emaranhado de emoções, sempre boas e positivas, este ano tem um sabor especial..

Futuro!!

Esta postagem é dedicada a alguém especial, mesmo que não saiba..
 
Para mim a música, mesmo fazendo-nos voar pela eternidade, não é mais que o suporte da palavra, do poema.. Mas desta vez foi diferente.. ouvi sem querer esta música na rádio e "adorei".. depois de muita pesquisa encontrei este poema do Ary dos Santos e o espanto foi enorme.. Gosto, gosto muito.. Apesar do poema dizer muito, saliento a seguinte quadra:
 
          Sei meu amor inventado que um dia
          Teu corpo há-de acender
          Uma fogueira de sol e de fúria
          Que nos verá nascer

O sol?! Sim, o sol.. e mais não digo, sinto..
 
Fica então a Canção de Madrugar:
 
De linho te vesti
De nardos te enfeitei
Amor que nunca vi
Mas sei ...

Sei dos teus olhos acesos na noite
Sinais de bem despertar
Sei dos teus braços abertos a todos
Que morrem devagar ...

Sei meu amor inventado que um dia
Teu corpo pode acender
Uma fogueira de sol e de fúria
Que nos verá nascer

Irei beber em ti
O vinho que pisei
O fel do que sofri
E dei

Dei do meu corpo um chicote de força
Rasei meus olhos com água
Dei do meu sangue uma espada de raiva
E uma lança de mágoa

Dei do meu sonho uma corda de insónias
Cravei meus braços com setas
Descobri rosas alarguei cidades
E construí poetas

E nunca te encontrei
Na estrada do que fiz
Amor que não logrei
Mas quis quis

Sei meu amor inventado que um dia
Teu corpo há-de acender
Uma fogueira de sol e de fúria
Que nos verá nascer

Então:

Nem choros, nem medos, nem uivos, nem gritos,
Nem pedras, nem facas, nem fomes, nem secas,
Nem feras, nem ferros, nem farpas, nem farsas,
Nem forcas, nem cardos, nem dardos, nem guerras
Nem choros, nem medos, nem uivos, nem gritos,
Nem pedras, nem facas, nem fomes, nem secas,
Nem feras, nem ferros, nem farpas, nem farsas,
Nem mal ... ... ...

__________________________________________________

Apesar da versão original ter sido de Hugo Maia Loureiro (Festival da Canção 1970), deixo aqui a interpretação de Susana Félix:

O Espírito que nos vivifica

Na liturgia deste domingo consta a seguir oração:

Senhor nosso Deus,
concedei que este sacramento celeste
nos santifique totalmente a alma e o corpo,
para que não sejamos conduzidos pelos nossos sentimentos
mas pela virtude vivificante do vosso Espírito.

Na sequência da última postagem, posso dizer que esta "virtude vivificante" é o nosso sentimento mais profundo, enquanto que "os nossos sentimentos" são as emoções mais humanas e ligeiras..

domingo, 9 de setembro de 2012

O sentimento para lá da emoção

Há sentimentos que vão para lá das emoções.. Há sentimentos que vão muito para lá dos pensamentos..

Pensamentos? Sentimentos? Emoções? Não será tudo o mesmo??!! Claro que não!!

Então façamos uma distinção clara entre os pensamentos e os sentimentos e emoções.
Vou deixar de falar de emoções, como se fossem a mesma realidade que os sentimentos.
Os pensamentos são o resultado da inteliência (do nosso intelecto) e os sentimentos são os frutos da espiritualidade (da nossa caixinha mágica que nos habita, a que vulgarmente apelidados de coração).

Passarei a partir de agora, nesta postagem a falar de pensamentos e sentimentos no singular. Sendo que pensamento é o próprio exercício racional e já não o(s) conteúdo(s) desse mesmo exercício. No entanto ao falar de sentimento, e não de sentimentos, esse sentimento é apenas o isolamento de um só sentimento, mas que continua a pertencer à classe dos sentimentos.

- E as emoções, e a emoção?
- Não vou falar!
- Porquê?
- Porque não!
- Mas "porque não" não é resposta, só as coisas do coração é que são "porque sim" e porque não".
- Então e as emoções não são coisas do coração?
- Pois, são!
- Então não falemos de emoções, nem de emoção, mas continuemos a falar de coisas do coração!

Entremos então na ideia principal desta postagem, no fundo a razão de ser destas palavras que conjugo com dificuldade. Há sentimentos que podem ser pensados, refletidos, compreendidos.. há outros porém que apenas os reconhecemos mas nada podemos afirmar sobre a sua razão de ser, não tão pouco sobre a sua causa..
Então.. também há pensamentos que possam ser sentidos? Pensamentos pensados que se sentimentalizam? Mas um pensamento sentimentalizado nunca será um sentimento puro, daqueles nascido da profundeza do nosso coração. Mas o nosso intelecto pode por sua vez realizar o seu trabalho sobre esse sentimento, que não é mais que pensar sobre um pensamento mascarado de sentimento, mas não um verdadeiro sentimento..
E se isso for verdade? Como reconhecer o que pensamos e o que sentimos? Como reconhecer o que sentimos, mas que efetivamente não sentimos mas pensamos?
Pode o coração enganar o pensamento? Não, creio que não. Mas o pensamento também não pode enganar o coração. Pode o pensamento enganar-nos a nós próprios, pode até servir-se do coração para nos enganar.. Isto é terrível!

Será emoção o pensamento sobre um pensamento sentimentalizado? Ou melhor será que esse pensamento sentimentalizado que não é sentimento mas sim emoção? Não sei! E isto é terrível!

Um dia (brevemente) voltarei a este tema.. Digo brevemente porque isto assalta-me o coração e a mente todas as horas destes dias que vão passando devagar, tão devagar que nem dou por eles passarem tão rápido..

sábado, 8 de setembro de 2012

Dá-me uma gota de ti

PEDRO BARROSO, in Álbum: Cantos da Paixão e da Revolta (2012)

(Autor da letra e da música)

Dá-me uma gota de ti
Uma palavra que seja
Despida de todos os sinais
Vestida noutro lugar
Onde apitem vendavais
E gaivotas a cantar

Dá-me uma flor desfolhada
Com seiva de água na boca
E lonjuras de moinhos
Como alquimias de vento
A rasgar céus em pedaços
Como estilhaços do tempo

Dá-me um chá preto das cinco
E o Bolero de Ravel
Com a pauta sussurrada
Entre beijos no meu peito
Lábios carnudos que eu sinto
E o sabor da tua pele

Dá-me um trago de ti mesma
Em copo de ouro e cristal
P'ra que escondidos na noite
Celebremos o teu corpo
Com excessos soletrados
Num desrespeito total

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

O fogo do amor sob a chuva há instantes morrera

Deixo aqui novamente a música Chuva, da Marisa.
Mas desta vez num sentido completamente diferente daquele que normalmente uso. Esta música marca-me profundamente pela positiva, traz-me à memória acontecimentos e gente que guardo nesta caixinha mágica que me habita. Mas hoje fui buscá-la por outros motivos.. são emoções que me deixam apreensivo (não, não quero usar as palavras que me povoam a mente).
Não digo mais, fica o título desta postagem e o poema..

As coisas vulgares que há na vida
Não deixam saudades
Só as lembranças que doem
Ou fazem sorrir

Há gente que fica na história
da história da gente
e outras de quem nem o nome
lembramos ouvir

São emoções que dão vida
à saudade que trago
Aquelas que tive contigo
e acabei por perder

Há dias que marcam a alma
e a vida da gente
e aquele em que tu me deixaste
não posso esquecer

A chuva molhava-me o rosto
Gelado e cansado
As ruas que a cidade tinha
Já eu percorrera

Ai... meu choro de moça perdida
gritava à cidade
que o fogo do amor sob chuva
há instantes morrera

A chuva ouviu e calou
meu segredo à cidade
E eis que ela bate no vidro
Trazendo a saudade

Um possível novo título

Turbilhão de emoções


Se hoje me iniciasse na blogosfera, não escolheria para título deste humilde blog "Diário de emoções", talvez porque de diário tenha pouco..
Talvez o entitulasse de "Turbilhão de emoções", pois é isso que sinto neste momento..
Aguenta caixinha mágica! Sempre resististe, porque não agora..
Habitam-me tantas emoções e tão diferentes..
Quem me dera ter a capacidade da escrita e registar todas as emoções que têm vindo ao meu encontro e que as vivo ao máximo.. emoções físicas, emoções espirituais, emoções intelectuais.. emoções que doem, emoções que deprimem, emoções tristes.. emoções que me fazem rejubilar de alegria, emoções que me levam mais longe.. emoções.. emoções eternas..
Normalmente dá-me para o registo de emoções (e visito este blog) quando estou mais na mó de baixo, mas hoje estou tão lá em cima que mal me consigo alcançar..
Acho que vou escrever mais..