sexta-feira, 24 de julho de 2009

Eu




Na busca de um poema que pudesse servir de suporte a uma postagem já anunciada (o último dia de um sonho), subi à biblioteca da escola.. Depois de descansar a A.M. (pois sempre que lá me dirigido significa que o meu mundo interior não está nos seus dias) corri à prateleira dos Poetas.. peguei em sophia, mas não me satisfez.. peguei noutro de sophia, mas não me satisfez.. peguei ainda noutro de sophia e nem me satisfez.. eu queria algo forte.. sentimental.. duro.. triste.. real.. e quando é assim, a florbela às vezes ajuda.. não ajudou.. oh.. mais eis que encontro um poema magnífico sobre um tema que não gosto de falar.. mas cá vai:

Até agora eu não me conhecia,
julgava que era Eu e eu não era
Aquela que em meus versos descrevera
Tão clara como a fonte e como o dia.

Mas que eu não era Eu não o sabia
mesmo que o soubesse, o não dissera...
Olhos fitos em rútila quimera
Andava atrás de mim... e não me via!

Andava a procurar-me - pobre louca!-
E achei o meu olhar no teu olhar,
E a minha boca sobre a tua boca!

E esta ânsia de viver, que nada acalma,
E a chama da tua alma a esbrasear
As apagadas cinzas da minha alma!

Florbela Espanca, in "Charneca em Flor"

1 comentário:

Ritinh@ disse...

oh poesia não...
Depois de uma semana intensa de poesia..! De tantas emoções..

eis-me aqui a chorar perdidamente...

AN